Num primeiro olhar, nada de diferente das outras escolas, mas, tudo muda quando se trata de um hábito de leitura. De acordo com pesquisa do Instituto Toledo e Associados sobre o hábito de leitura, feita em junho, 18% dos entrevistados não gostam de ler, 34% não lêem com freqüência e 16% lêem apenas de vez em quando. Mas, isso não é o que acontece na Escola de Educação Básica Júlio Vicente de Pelegrin.
A E.E.B. Júlio Vicente de Pelegrin, localizada na margem da BR 163, na linha Guataparema, em Guaraciaba, no extremo oeste de Santa Catarina. Possui 163 alunos, nove professores, direção, serventes e assistente de educação atendendo alunos de Pré-escola a 8° série.
No início do ano letivo, durante os dias de planejamento das aulas, os professores elaboram um projeto de leitura que é aplicado no decorrer do ano. O projeto original constava de uma aula semanal destinada ao incentivo à leitura. Depois de apresentado aos alunos, o projeto recebeu novas idéias para o seu aprimoramento. Segundo a diretora da escola, Carli Teresinha dos Santos, após ter colhido as informações com os alunos, elaborou-se um calendário de aulas de leitura bem diversificado.
Na proposta do projeto, o principal objetivo é o de, “Promover momentos de leitura para educandos e educadores, tendo por finalidade o hábito de ler, e formação de seres capazes de interagir com o meio e tomar decisões”, o projeto é diversificado em toda sua programação.
Os professores contam uma história para os alunos, um aluno, voluntário conta a história do livro lido para a turma. O método consiste ainda da troca de salas e que os alunos contadores de história passam por turmas diferentes.
Tudo isso resulta em leituras em ambientes diferenciados, com tapetes, almofadas com fundo musical. O aluno elabora uma propaganda do livro que leu para incentivar a leitura do mesmo.
Nos textos dos livros, os alunos escolhem o que mais gostam e transformam em desenhos. Os textos são escolhidos e trabalhados de forma que o aluno interprete de forma teatral. São formados grupos e apresentados peças de teatro aos demais, na maioria livros infantis.
Para Bruna Comin Cecchin, 15 anos, que estuda na 8° série, sua futura profissão ainda não está definida, não sabe se vai ser advogada ou jornalista, mas, uma certeza ela já tem “quando comecei a ler eu não gostava, mas, com o tempo comecei gostar, a minha vida mudou muito porque hoje leio por prazer e porque gosto, aprendi muito com a leitura e já estou muito melhor na escola”. E completa, “você viaja e se sente muito bem quando esta lendo” .
Fabio José Gatti que estuda na 4° série, tem dez anos, diz que mudou muito a leitura na sua vida “agora posso expor melhor minhas idéias, as palavras saem melhor, a letra melhora muito, pode ter certeza, você que é estudante leia, você vai se tornar outra pessoa”. Fabio quer ser jogador de futebol, afirmou que nas horas de folga lê bastante e não só quando está na escola. E para quem não gosta de ler vai aqui um recado do aluno Fabio “eu aconselharia a eles lerem, principalmente se forem estudantes, porque ajuda nas palavras mais difíceis e o seu português será melhor”.
Um grupo de alunos vai até as casas dos vizinhos da escola para contar a história, fazendo com que a comunidade e a escola se aproximem cada vez mais. Em cada visita deixam uma lembrança com uma mensagem sobre o “ato de ler”.
Projeto rompe as barreias da escola
O projeto deu tão certo que saiu da escola, chegando aos vizinhos. A comunidade está presente na formação dos alunos e o incentivo à leitura chega até sua residência, “também há alunos levando livros para casa para seus pais lerem” ressaltou a diretora.
Alem das crianças, o projeto beneficia a comunidade. Maria de Lourdes Isoton, dona de casa de 33 anos, faz parte do projeto, recebendo visitas dos alunos em casa, ela afirma que na época que estudava não existia incentivo à leitura e nem tantos livros “a gente não dava tanto interesse à aula de leitura”. A senhora Isoton aconselha, “Crianças não deixem de ler, procurem outros livros que não tem na biblioteca da escola, porque a leitura é tudo, quanto mais você lê, mais você conhece o mundo e mais você sabe se comunicar com elas”.
A professora de história e geografia, Marilene Dalsotto de Pellegrin, afirma que, a maioria dos alunos aceitaram participar do projeto, “não teve resistência nem uma, todos aceitaram”. Marilene dá dicas para gostar de ler “primeiro procurar um livro que chame a atenção deles, pelas figuras, porque querendo ou não as figuras atraem, buscar não só em livros mas também em revistas, jornais que a gente pode fazer leituras sobre os noticiários do que está acontecendo no nosso dia a dia, que vai se pegando hábito pela leitura depois fica mais fácil quando tiver que ler algum texto mais técnico ou direcionado”. Está programado para o dia 05 de dezembro de 2007 uma avaliação do projeto e coleta de sugestões para o próximo ano letivo.
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